26 de jan. de 2009

ARTIGO DE : George Carlim

ENVELHECER

Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se V. tem menos de 10 anos, V. está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.Quantos anos V tem? Tenho quatro e meio! Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!Quando V. chega à adolescência, ninguém mais o segura. V. pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente. 'Qual é sua idade?''Eu vou fazer 16!' Você pode ter 13, mas (tá ligado?) vai fazer 16!E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: VOCÊ ESTÁ FAZENDO 21. Uhuuuuuuu!Mas então V. 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz V. soar como leite estragado! Êle 'se tornou azedo'; tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora, V. é apenas um bolo azedo. O que está errado? O que mudou?V. COMPLETA 21, V. 'SE TORNA' 30, aí V. está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, V. CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. V. nem achava que poderia!Assim, V. COMPLETA 21, V. 'SE TORNA' 30, 'EMPURRA' os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia; 'Estarei BATENDO aí na 4ª. feira!'Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; V. bate no lanche, a tarde se torna 4:30; V. alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui.. Entrado nos 90, V. começa a dar marcha à ré; 'Eu TINHA exatos 92.'
Aí acontece uma coisa estranha. Se V. passa dos 100, V. se torna criança pequena outra vez. 'Eu tenho 100 e meio!'Que todos Vocês cheguem a um saudável 100 e meio!!

COMO PERMANECER JOVEM
Livre-se de todos os números não-essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocuparem com eles. É para isso que V. os paga.Mantenha apenas os amigos alegres. Os anzinzas só deprimem.Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, Jardinagem, seja o que for, até radio-amadorismo. Nunca deixe o cérebroinativo. 'Uma mente inativa é a oficina do diabo. E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.Aprecie as coisas simples.Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego.Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar VIVO enquanto estiver vivo.Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio.Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que V. possa fazer, peça ajuda.Não 'viaje' às suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas NÃO para onde V. tiver enterrado as suas culpas.Diga às pessoas a quem V. ama que V. as ama, a cada oportunidade.E LEMBRE-SE SEMPRE:A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.*A jornada da vida não é para se chegar ao túmulo em segurança em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro meio de lado, totalmente gasto, berrando:
'PUTA MERDA, QUE VIAGEM"!
VIVA SIMPLESMENTE, AME GENEROSAMENTE,IMPORTE-SE PROFUNDAMENTE, FALE GENTILMENTE,E DEIXE O RESTO PARA DEUS.

5 de jan. de 2009

VIRTUALISMO FUTURO

ARTIGO DE: N. Silveira

O BRASIL VIRTUAL
Acho Eu que um dia qualquer, lá pela frente, a coisa vai caminhar para um relacionamento humanitário virtual. As ruas ficarão desertas de veículos e pessoas de bem, os nascidos entre quatro paredes, frente ao computador, chegarão ao mundo conformados com o confortável e aconchegante confinamento. Tudo será resolvido, comprado, vendido, medicado, receitado, diagnosticado e operado via internet. Vamos ser admitidos em empregos, trabalhar e ou, ser demitidos via internet. Nas ruas abandonadas e de clima hostil vão perambular apenas os assassinos, assaltantes e meliantes oportunos, “SOCIEDADE” de párias que cobiçarão os sapatos roupas, computadores, comida e remédios dos “felizes” confinados....(AO LONGO DO TEMPO VÃO SE EXTINGUIR GRADATIVA E NATURALMENTE) e sendo legalmente abatidos à bala pelos confinados tolhidos de outras diversões.
Os Supermercados, farmácias, restaurantes, lanchonetes e bares vão nos atender virtualmente entregando nossos pedidos em casa nos carros fortes ou helicópteros (próprios) protegidos por empresas de segurança particulares fortemente armadas e receberão seu pagamento através de cartão de crédito.
Os condomínios particulares de "segurança máxima" serão disputados a ferro e fogo pelos mais abastados.
Não me espanto e nem me preocupo com essa condição futura inevitável, estou psicologicamente preparado graças a minha inteligência e pensamento de aceitação futurista.
A coisa será milenarmente temporária, um dia vai acabar como acabou a fase lúdica do papo noturno na cadeira de embalo na calçada da porta da casa com o vizinho.
O que vem depois, não sei, sabe lá, de repente,os filhos e netos de nossos bisnetos e tataranetos voltarão apreciar as estrelas e as noites de luar, livres de novo, leves e soltos.
OBS:
NESTE NEGRO PERÍODO QUE SE AVIZINHA, O EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO NÃO PASSARÃO DE NOGENTOS INOPERANTES E VIRTUAIS CABIDES DE EMPREGO.
A sociedade tenderá se virar e sobreviver sozinha.

29 de dez. de 2008

TRIBUNAIS DE CONTAS

ARTIGO DE : Norberto Silveira

TRIBUNAIS DE CONTAS, DA UNIÃO (TCU),..DO ESTADO (TCE),..DO MUNICÍPIO(TCM)...CABIDE DE EMPREGOS E ANTRO DE FALCATRUAS.

Tribunais de contas do Brasil acolhem e sempre acolheram uma cúmplice comandita. Não vamos nominar, mas, quem sabe quem é quem neste País reconhece de pronto a bandalheira quando se depara com o nome de seus ilustres membros embolados aos governantes. Eles são escolhidos a dedo e indicados corruptamente por baixo do pano com promessas “subentendidas” de enriquecimento rápido em função de seu beneplácito e miopia usados nas análises das falcatruas das contas públicas.
O nepotismo é useiro e vezeiro. Parentes de conselheiros (que não são poucos) são oficialmente empregados, recebem seus salários no fim do mês sem ao menos ter trabalhado apenas um dia.
Enquanto os conselheiros (municipais, federais e estaduais) forem indicados pelos governantes respectivos, teremos sempre raposas como guardiãs do galinheiro.
Assim a putaria governamental segue seu curso sem que ninguém tome qualquer providência, a alienação e ignorância do povo ainda não oferece lucidez necessária para uma devida cobrança social.

28 de nov. de 2008

FOI PRECISO

FOI PRECISO
Não sou a favor de qualquer regime de exceção, a menos que seja necessário.
Sim porque em certas ocasiões, eles se fazem necessários e, se fizeram no Brasil em 64.
É de bom alvitre que se conheça bem esta faceta de nossa História procurando a literatura imparcial.
Não sou nunca fui e nunca serei comunista corrupto ou totalitário.
Na época (64) graças à tolerância democrática militar a coisa, por demora, chegou as raias do inconcebível.
Junto com a anarquia roubalheira, contrabando e corrupção instalada em todas as esferas governamentais O COMUNISMO IA TOMAR CONTA DO ENTÃO ANARQUICO BRASIL. (a dose do remédio tinha que ter a medida certa do grau da virulência da doença instalada). Uma providência tinha que ser tomada... e o foi.
Como ultimo recurso, os quartéis vieram pras ruas restaurar a “ordem e o progresso” que foram vilipendiados por interesses espúrios contrários aos costumes e hábitos brasileiros.
De roldão, foram até complacentemente punidos os pseudo-s comunistas (minoria abobalhada e idealista) influenciados por mentes estranhas aos interesses democráticos da América do sul alimentados por governantes sem moral corruptos ladrões que foram punidos com a cassação de seus mandatos e até degredo.
Durante o período, que até hoje é dito negro por pseudo-s intelectuais e quadrilheiros de esquerda, a coisa foi hostil, torturante e temerária. (sim só para eles). No entanto, para 99% da população do País que até por falta de conhecimento, não era comunista e nem corrupta foram tempos profícuos, edificantes e dadivosos que graças à semente democrática brasileira teve seu fim como qualquer governo demorado teria.
O fantasma aterrorizante que tentam dizer ter existido na época contra a população é de papel, continua ser de papel . Para os intligentes esclarecidos e bem informados nunca será uma obra prima ...será sempre uma peça chula remoída em palcos ordinários.
A VERDADE É QUE A COISA PRECISOU E VALEU.
Norberto Silveira

25 de jul. de 2008

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS

Em defesa do Jornalismo, da Sociedade e da Democracia no Brasil
A sociedade brasileira está ameaçada numa de suas mais expressivas conquistas: o direito à informação independente e plural, condição indispensável para a verdadeira democracia. O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961 que, se aprovado, vai desregulamentar a profissão de jornalista, porque elimina um dos seus pilares: a obrigatoriedade do diploma em curso superior de Jornalismo para o seu exercício. Vai tornar possível que qualquer pessoa, mesmo a que não tenha concluído nem o ensino fundamental, exerça as atividades jornalísticas. A exigência da formação superior é uma conquista histórica dos jornalistas e da sociedade, que modificou profundamente a qualidade do Jornalismo brasileiro. Depois de 70 anos da regulamentação da profissão, e mais de 40 anos de criação dos cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia. É direito da sociedade receber informação apurada por profissionais com formação teórica, técnica e ética, capacitados a exercer um jornalismo que efetivamente dê visibilidade pública aos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas. Os brasileiros merecem um jornalista que seja, de fato e de direito, profissional, que esteja em constante aperfeiçoamento e que assuma responsabilidades no cumprimento de seu papel social. É falacioso o argumento de que a obrigatoriedade do diploma ameaça as liberdades de expressão e de imprensa, como apregoam os que tentam derrubá-la. A profissão regulamentada não é impedimento para que pessoas especialistas, notáveis ou anônimos se expressem por meio dos veículos de comunicação. O exercício profissional do Jornalismo é, na verdade, a garantia de que a diversidade de pensamento e opinião presentes na sociedade esteja também presente na mídia. A manutenção da exigência de formação de nível superior específica para o exercício da profissão, portanto, representa um avanço no difícil equilíbrio entre interesses privados e o direito da sociedade à informação livre, plural e democrática. Não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no País ficar nas mãos destes interesses particulares. Os brasileiros e, neste momento específico, os Ministros do STF, não podem permitir que se volte a um período obscuro em que existiam donos absolutos e algozes das consciências dos jornalistas e, por conseqüência, de todos os cidadãos!

FENAJ — Federação Nacional dos Jornalistas Sindicatos de Jornalistas de todo o Brasil

16 de jul. de 2008

ARTIGO DE NORBERTO SILVEIRA

A MISTERIOSA MOLÉSTIA BRASILEIRA .
Por Norberto Silveira
Ultimamente, sem sabermos o real motivo, tem sido feito pelas autoridades do governo certo alarde quanto a descoberta de que a sociedade brasileira está sofrendo uma epidemia de violência e por este motivo denota estar enferma (DOENTE, SOCIEDADE DOENTE).
Tal constatação é indiscutível e o povo mais que nunca precisa de tratamento.
Apesar da propaganda de que a economia melhora, de que se descobre mais petróleo e que há um aumenta no índice de emprego formal (carteira assinada) a dita doença social vem recrudescendo a cada dia.Sem saber-mos qual a real intenção, pelo menos foi louvável o reconhecimento do fato por parte do governo, no entanto, ainda não se falou, e o governo finge não pensar nas causas prováveis ou concretas que vem ocasionando esta anomalia social.
Neste caso, falar de um cisco descoberto no olho do outro (povo) sem reparar a trave que existe no próprio olho (governo) causa, no fundo, um desconforto subjetivo na coletividade que funciona como um vírus que vem agravar o quadro doentio detectado.
Uma das causas que faz com que a sociedade adoeça desta forma é a descrença, descrédito e a depressão causada pelo sentimento de desamparo quando se depara com a desmoralização, corrupção, desinteresse e descaso do governo pelas necessidades prioritárias e interesses prementes do povo.
Este governo zombeteiro, estapafúrdio e cheio de ladravazes, repleto de papos mirabolantes, por mais que propague benefícios e lúdicas melhorias não consegue estimular ou inspirar a confiança segura e necessária para causar no povo o conforto da tranqüila esperança de um futuro concreto e promissor.
A conhecida abundante e conchavada bandalheira que circula nos esgotos fedorentos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, por mais camuflados que sejam, deixam uma desorganização subliminar captada no astral inconsciente da sociedade que percebe o que não vê da mesma forma que desavenças, ódios e agressões de um casal, ocorridas à portas fechadas, é percebida pelos filhos crianças, achando com isto estarem ludibriando a percepção dos pequenos astutos, forçado-os dissimular conhecimento, sentimentos e ações.
E verdade, a sociedade está precisando de tratamento, mas, quem precisa tomar o remédio é o GOVERNO.
*
PASSEM OS GOVERNANTES RESPEITAR O ERÁRIO E AS COISAS PÚBLICAS, ADMINISTRANDO COM PURO ESPÍRITO PÚBLICO E NÃO COMO PROPRIETÁRIOS OU, AS VACAS CONTINUARÃO A IR PARA O BRÉJO UMA ATRAZ DA OUTRA E AS DOENÇAS SOCIAIS FICARÃO SEMPRE À MARGEM DE QUALQUER PROVIDÊNCIA OU TRATAMENTO.
Norberto silveira

30 de jun. de 2008

ARTIGO DE GERALDO ELÍSIO

LULA ENFORCA APOSENTADOS
Por Geraldo Elísio
(O que é isso companheiro? – Fernando Gabeira – Jornalista e Deputado Federal)
“A maldade desta gente é uma arte” – “Pois é”, samba de Ataulfo Alves, mineiro da cidade de Miraí
Caro companheiro presidente Lula, não entenda a expressão uma ironia. Não integro o coro da elite dominante que não sabe ser dirigente ou privilegiados pequenos burgueses inconformados com a ascensão de um autêntico homem do povo ao mais alto cargo dirigente de um País como o Brasil.
Também sou povo, jornalista aposentado pelo INSS, sem outra complementar, sem nada para esconder da minha vida pública ou particular. Orgulho-me de minhas mãos limpas, da independência para escrever com liberdade e responsabilidade. Quanto a aspectos de minha vida particular não dizem respeito a ninguém, da mesma forma como não me intrometo na vida privada de ninguém.
Por isso, entendo maior a responsabilidade do companheiro presidente. O senhor, nascido pobre, no nordeste brasileiro, vítima de preconceitos, venceu a fome e a distância para também sedimentar a grandeza de São Paulo. Tem mais que história. O senhor tem uma saga. A intimidade, companheiro presidente, é antiga, concedida pelo senhor mesmo. (Clique aqui.)
A sinceridade deve existir entre companheiros. O que o senhor faz com os companheiros aposentados é covarde, ilógico, imoral e contraditório. Quando o presidente sociólogo F HC, aquele que mandou esquecer tudo o que ele escreveu um dia, lesou todos os pequenos aposentados brasileiros ao modificar as regras da aposentadoria, numa votação comandada e comemorada pelo então deputado federal Aécio Neves, hoje governador de Minas, com quem o prefeito de BH, Fernando Pimentel, do PT, quer fazer aliança para a sua sucessão. Companheiro presidente despertou esperanças ao prometer uma reversão caso chegasse ao Poder. Mas o companheiro contraditoriamente mantém o ilogicismo, a imoralidade e a covardia.
A vida sobe em nível igual para aposentados e funcionários da ativa. Não falta dinheiro para os juros do smart Money, pagos a especuladores estrangeiros e nacionais: para a farra dos bancos; nem para 50 mil ONG’s, muitas das quais desejosas de mutilar o País, internacionalizando a Amazônia. Nós, os aposentados, não criamos PROER e muito menos estamos relacionados a mensalões e outros escândalos. Também não somos responsáveis por obras faraônicas que dilapidaram a Previdência.
É de lembrar que os ex-ministros Antônio Brito e Waldyr Pires anunciaram ao País uma Previdência saneada e ainda hoje não são poucos os que sustentam que ela não é deficitária.
O senhor tem em seu quadro ministerial Reinholds Stephanes, desde os governos militares tentando prejudicar os aposentados, embora ele próprio tenha se aposentado jovem e com mais de um provento. Os militares, mesmo em regime discricionário, não cometeram esta covardia. FHC sim, cometeu, e o senhor dá seqüência. Perguntar não ofende. Alguém companheiro, tem interesse nisto? Por acaso serão as empresas de aposentadoria privada? Elas também financiam campanhas políticas ou publicitárias? Repito, perguntar não ofende.
Companheiro, no presente momento, as televisões estão repletas de uma publicidade assinada pelo Governo Federal enfatizando que: “Um País sem desigualdade é um País melhor para todos”. É uma verdade inquestionável, a própria constituição, que o senhor jurou defender, diz que todos nós brasileiros somos iguais perante a Lei.
“Iguais pero non mucho”. O senhor sabe (ou, como sempre, não sabe!) que existem aposentadorias que ultrapassam R$ 50 mil e muitos têm mais de uma. Que igualdade o senhor propõe? Certo, para se obter um nivelamento eliminando as disparidades é lógico que alguém tem de perder.
Sei, não foi o senhor quem inseriu nos quadros previdenciários milhões que nunca contribuíram. Nem participou de outras formas de dilapidação do erário. Mas, assim mesmo, não tem sentido a pirronice do companheiro. O senhor deseja é uma elevação da vida ou um nivelamento por baixo? Miséria é fácil distribuir. Em Romanos 14.23 é dito: “Tudo o que não provém da fé é pecado”. Daqui para frente, este editorial ganha outro tom. (Clique aqui.)
Não somos companheiros. Vossa Excelência, Ilustre Senhor Presidente da República, não sois o companheiro, porém, um carrasco de todos os aposentados brasileiros. Inclusive de quantos vos destes crédito nas urnas.
“UM PAÍS SEM DESIGUALDADE É UM PAÍS MELHOR PARA TODOS”.
Diante do que ocorre, soa falso. Vossa Excelência, em assim agindo, sois um fanfarrão. Sei que graças a Deus estás amparado pela democracia. Não seguireis nenhum conselho. Entretanto, a exemplo do capitão Nascimento, aquele do Filme Tropa de Elite, que segundo consta, vistes em cópia pirata, o que não é um bom exemplo, mesmo sem terdes servido ao BOPE e sem o talento do ator Wagner Moura, na representação do oficial mostrado na película, deverias pedir para sair.
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Geraldo Elísio escreve no Novojornal. Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises

11 de fev. de 2008

ARTIGO DE ELIO GASPARI

QUEM CRÊ NO PLANALTO FAZ PAPEL DE BOBO
(por Elio Gaspari)
Presidido por uma "metamorfose ambulante", o governo está detonando a credibilidade que os contribuintes precisam dispensar ao poder público. Precisam, porque pagam para ser governados por pessoas confiáveis. Em três episódios, quem acreditou no governo fez papel de bobo. São eles o do uso dos cartões de crédito por funcionários da Presidência, o alcance do desmatamento da Amazônia e a reação oficial ao embargo das importações de carne pela União Européia.A Presidência da República teve três anos para lidar a sério com os seus cartões de crédito corporativos. Em vez de respeitar a patuléia, o Planalto entrincheirou-se, bloqueando pedidos de informações apresentados no Senado. Coisa do comissariado, pois os cartões são transparentes e rastreáveis. Além disso, o Tribunal de Contas teria acesso a todos os extratos. Tudo o que o governo fez nos últimos dias poderia ter sido feito em 2005, mas prevaleceu a prepotência. Ela persiste na tentativa de blindar as contas da pequena corte de Nosso Guia.No caso do desmatamento da Amazônia, no dia 24 de janeiro Lula fez saber que estava preocupado com a expansão da rapina da floresta. Seis dias depois, assessorado pela turma da motosserra, sugeriu que o Ministério do Meio Ambiente estava fazendo "alarde". O ponto de vista do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, prevaleceu sobre o da ministra Marina Silva.Tudo bem, Stephanes merece crédito. Eis que no dia 30 de janeiro a União Européia decide embargar as importações de carne brasileira. Seu ministério respondeu que "a medida é desnecessária, desproporcional e injustificada". Se a choldra tivesse acreditado nele, teria ficado no papel do paspalho. O governo sabia que cederia, pois tentara um golpe de João Sem Braço, enviando a Bruxelas uma lista de 2.681 produtores, quando a UE queria 300. Uma semana depois, o Ministério da Agricultura anunciou que enviaria uma nova lista, com 600 fazendas. À patuléia, ofereceu-se uma patranha, segundo a qual em 2.081 casos haviam sido cometidas impropriedades. Se Stephanes trabalha com uma margem de erro parecida (78%), a agricultura nacional está perdida. O comissariado esqueceu a lição do juiz americano Louis Brandeis (1856-1941): "A luz do sol é o melhor dos desinfetantes".

31 de jan. de 2008

Artgo de LEONARDO AGUIAR MORELLI

DEMOCRATIZAÇÃO DA AGUA
(Por LEONARDO AGUIAR MORELLI)
Amazônia concentra as principais reservas estratégicas de água e biodiversidade; preservar esse bem exige plano urgente.
A água desconhece fronteiras, corta territórios, une e divide nações. É o principal elo entre as civilizações desde o princípio da humanidade. Símbolo de fertilidade e prosperidade, deu lugar no século 20 ao petróleo como principal indicador de riqueza de uma nação. No início do século 21, economistas, empresas, políticos e lideranças comunitárias voltam a levar em conta a água como determinante para o progresso de um país.
Patrimônio natural e essencial a todas as formas de vida, a água transformou-se em um recurso econômico, fonte de lucro e razão para conflitos. Sua escassez atinge mais de 2 bilhões de pessoas e, se não forem adotadas medidas para racionalizar sua exploração, em algumas décadas 4 bilhões de pessoas não terão água para as necessidades básicas.
Na América Latina, onde se concentram as principais reservas estratégicas de água e biodiversidade, a soberania dos povos está no centro da geopolítica mundial, exigindo um plano urgente para sua preservação. As águas da Amazônia integram nove países e têm a maior riqueza de biodiversidade do planeta. As águas do Prata interligam outros quatro, cruzando as regiões mais industrializadas do continente, que contaminam as águas marinhas.
O Aqüífero Guarani é a maior reserva subterrânea do mundo, com capacidade para abastecer mais de 700 milhões de habitantes. Localizado entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, vem sendo vítima de um ciclo de cobiça e colonização de suas terras, a partir do investimento de grandes grupos econômicos estrangeiros no local. Para seu controle, inclusive militar, os EUA planejam uma base no Paraguai e propagandeiam o risco terrorista na Tríplice Fronteira, onde está Foz do Iguaçu, a mais importante área de recarga do manancial.
Nesse contexto, é bandeira estratégica para a sobrevivência do planeta a criação de uma Organização Latino-Americana da Água, sob a liderança de Venezuela, Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua e governos populares, a partir do Fórum Social Mundial de 2009. A entidade teria a missão de promover a defesa da água como direito inalienável dos povos, como contraponto às políticas neoliberais preconizadas pelo Fórum Econômico Mundial e materializadas pela OMC (Organização Mundial do Comércio). Sua interface com as lutas sociais no campo da saúde pública (a partir do tratamento de esgoto, lixo e drenagem) e da economia (a partir de seu uso na geração de energia), cujos conflitos causados pelo modelo dominante se agravam a cada dia, a colocará em posição decisiva para que a sociedade vença o caos do sistema e as lideranças humanistas e populares assumam seu papel na redefinição do modelo de desenvolvimento, em prol do futuro da humanidade.
É nessa direção que o Movimento Grito das Águas lança a campanha pela água como direito fundamental e dever do Estado, no Rio de Janeiro, no próximo dia 22 de março (Dia Mundial da Água), visando uma emenda constitucional que garanta fornecimento gratuito de 45 litros de água-dia por habitante, como estratégia de mobilização para o Fórum Social Mundial da Água, em janeiro de 2009, em Belém do Pará.
LEONARDO AGUIAR MORELLI = É ambientalista, coordenador do Movimento Grito das Águas e secretário-geral do Instituto para Defesa da Vida

E-mail: aguiarmorelli@hotmail.com

16 de jan. de 2008

ARTIGO DE RUY FABIANO

O TRUQUE DOS CARTÕES NO PAÍS DA SUPER-RECEITA
(por Ruy Fabiano)

O uso perdulário dos cartões corporativos de crédito por parte de integrantes do primeiro escalão do governo federal — superando a cada ano o recorde anterior — não é, em si, novidade. Isso, porém, não o torna menos condenável. Um hábito — sobretudo quando é mau — não se legitima pela constância. Muito pelo contrário. Pior quando expressa distorção deliberada de algo concebido com sentido construtivo. É o caso.O uso dos cartões corporativos, no âmbito do primeiro escalão governamental, teve início no governo Fernando Henrique Cardoso. O objetivo era estabelecer controle e dar transparência aos gastos, já que os cartões registram hora e natureza das despesas. Desburocratizava-se assim a prestação de contas, tornando-a mais precisa e menos sujeita a manipulações. Agilizava-se ao mesmo tempo o processo administrativo. O extrato mensal dos cartões detalha as despesas do usuário, o que o torna bem mais confiável que a clássica prestação de contas dos relatórios burocráticos.Eis, porém, que esse objetivo saneador e simplificador foi malversado por um truque engenhoso que se disseminou em grau epidêmico no governo Lula: o saque em dinheiro por meio do cartão, impedindo que se saiba a natureza das despesas. Os saques em espécie deveriam constituir exceção — e não regra. Exemplo de exceção: um ministro ou um alto funcionário vai visitar populações ribeirinhas na Amazônia e precisa fazer frente a gastos de transporte em canoas. Terá que pagá-los em espécie, pois não terá como fazê-lo por outro meio em tal ambiente. Não há como pagar canoeiros com cheques, cartões ou mesmo débito em conta. Inevitável, pois, que se faça o saque em espécie para as despesas. Não há, porém, muitas outras situações análogas. Argumenta-se que haveria despesas de agentes de segurança da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que justificariam o saque em espécie, pois, em alguns casos, não podem deixar pistas de seu roteiro, pois violariam quesitos indispensáveis de sigilo. Que seja. Isso, porém, não poderia justificar o espantoso dado, extraído dos relatórios da CGU, segundo o qual 77,6% dos R$ 75,6 milhões gastos em 2007 com cartões corporativos — mais de dois terços das despesas — representam saques nos caixas eletrônicos, num montante de R$ 58,7 milhões (equivalentes a mais de 10 vezes o investimento no programa de eletrificação rural Luz para todos). Essa modalidade de uso dos cartões inverte o sentido de transparência que justificou sua adoção. E cria zonas cinzentas em torno de sua legitimidade, que induzem à convicção de que algo de podre permeia o processo. Por que, por exemplo, a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, cuja pasta não é exatamente das mais ativas e atarefadas da Esplanada dos Ministérios, foi campeã no uso do cartão corporativo em 2007, registrando gastos sete vezes superior ao segundo colocado, o ministro da Pesca, Altemir Gregolin?O cartão pessoal da ministra registrou em 2007, em média, gastos mensais de R$ 14,3 mil, cerca de 40% a mais que seu salário, que é de R$ 10,7 mil. A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, cuja pasta exige número bem maior de deslocamentos, e para regiões bem mais distantes do país, registrou o gasto mensal mais modesto da Esplanada: R$ 2,4 mil.É possível (embora improvável) que as suspeitas sejam totalmente infundadas e cada ministro tenha explicação plausível a dar. Mas o uso distorcido desses cartões, mediante saque em espécie, dá margem a todas as especulações, sobretudo às piores, e impõe um freio de arrumação imediato nesse tipo de procedimento.Os dados mais recentes da Controladoria Geral da União (CGU) dão conta de que os gastos em 2007 com os cartões corporativos superaram em 129% os de 2006 — que, por sua vez, superaram em 100% os de 2005, que superaram os de 2004 em 46%. A tendência, como se vê, é de alta constante. A cada ano, quando se divulgam esses dados, os órgãos de controle — CGU, Tribunal de Contas da União — prometem dar um basta, mas não dão. O resultado é que, para o contribuinte, que acaba de ser brindado com nova alta de impostos, sem que haja qualquer melhora na contrapartida da prestação dos serviços públicos, a revelação desses números é simplesmente intolerável.

9 de jan. de 2008

ARTIGO DE BRUNO PERON LOUREIRO

A BALELA DOS ALIMENTOS
(por Bruno Peron Loureiro)
Para espectadores que não estão cientes da realidade do Brasil e da maneira apocalíptica como o país tem-se inserido no mundo como promotor da energia limpa, o presidente Luiz Inácio da Silva apregoou que os biocombustíveis não afetam a segurança alimentar com o argumento de que a cana-de-açúcar ocupa apenas 1% das terras agricultáveis brasileiras.
O problema de Lula é que ele quer abraçar o mundo antes de resolver o problema nacional.
Essa porção de terras agricultáveis provavelmente já era maior quando Lula terminou o discurso, em setembro, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas; ao menos, os fazendeiros já cogitavam aumentá-la pelos atrativos da era da energia renovável.
Se o negócio der dinheiro, o empresariado rural adere.
E não é que está dando certo: com a exportação do etanol, o setor do agronegócio vai bem enquanto o povo não sabe quanto se embriagar com a instabilidade dos preços do álcool nas bombas de combustível.
A revista inglesa “The Economist”, de olho nas tendências, publicou um artigo na edição de oito de dezembro a respeito do “fim da comida barata”. Entre os produtos mencionados, constam arroz, feijão, trigo e milho.
O aumento no preço do milho (e das essenciais tortilhas) no México gerou uma crise com a população manifestando-se nas ruas, enquanto o feijão mais caro no Brasil não tem impedido os aplausos a favor da expansão da cana-de-açúcar.
O etanol tem parte da culpa pelo aumento dos preços de produtos advindos de outras colheitas, sobretudo pela demanda crescente por etanol em carros no continente americano.
A lógica é de que, quando o preço de um produto agrícola estoura, os fazendeiros plantam-no para obter vantagem, mas se apropriam das terras que tinham outros usos.
Portanto, a alta demanda por um produto agrícola específico, como tem sido a cana-de-açúcar e o milho, afeta a segurança alimentar.
Logo, a preocupação surge no momento oportuno em que o aumento da renda na China e na Índia fizeram sua enorme população consumir mais carne e outros alimentos.
Ao mesmo tempo, nós brasileiros estamos abastecendo os carros de países desenvolvidos com o que se produz de renovável nas nossas terras agricultáveis, enquanto ouvimos mais uma balela de nossos representantes, que não se importam que o arroz e o feijão fiquem mais caros na mesa do povo.
Algumas soluções seriam proibir as exportações brasileiras de etanol, já que Lula enfatiza a transferência de tecnologia da produção desta fonte renovável de energia em vez de fazer do Brasil o celeiro da cana-de-açúcar; ou atribuir um teto no preço do álcool comercializado dentro do país e aumentar as reservas internas.
Defendo a pesquisa e o investimento em biocombustíveis, mas desde que seja com benefício para o povo brasileiro e não apenas para um grupo econômico seleto.
Bruno Peron Loureiro é bacharel em Relações Internacionais pela UNESP (Universidade Estadual Paulista)

8 de jan. de 2008

ARTIGO DE IPOJUCA PONTES = Casagrande

BOLA DE CRISTAL – 2008
(por Ipojuca Pontes)
"Em certas circunstâncias, no mundo das previsões o difícil não é acertar, mas errar prognósticos" – Baba Vanga, vidente búlgara.
Por solicitação de alguns leitores que me vêem, por vezes, como vidente capaz de vislumbrar acontecimentos que apenas estão no limbo, retiro do fundo do baú minha Bola de Cristal e, humildemente, com a ajuda dos astros, antecipo o que ocorrerá neste promissor ano eleitoral de 2008. Bafejado por uma atmosfera de semi-obscuridade, iluminada apenas pela luz diáfana da própria bola mágica (abençoada por Baba Vanga, a centenária vidente búlgara, fundadora do Instituto de Sugestiologia e Parapsicologia de Sofia - que profetizou, um ano antes, a morte de Joseph Stalin, sendo por isso trancafiada numa jaula), antevejo o seguinte quadro:
NO CAMPO ECONÔMICO. A instabilidade dos preços dos alimentos, que gerou nesta área em 2007 uma inflação na ordem de 10,6%, atingirá, por baixo, em 2008, o índice nada desprezível de 20,10% - em boa parte devido às consideráveis altas de produtos como leite, carne, ovos, pão, feijão, arroz, farinha, frutas, verduras e legumes. Em outra escala de aferimento inflacionário, os consumidores comerão o pão que o diabo amassou com os substanciais aumentos nos preços dos combustíveis, transportes, aluguéis, tarifas de energia elétrica, telefone, gás, água, serviços bancários e outros que tais. Pelo que demonstra a luminosa Bola de Cristal, a inflação brasileira, mesmo camuflada, ultrapassará mole o índice de 10% (contra 4,61%, em 2007),
NO CAMPO DIPLOMATICO. No ar, sempre repleto de aspones, vejo o AeroLula decolando rumo a países da África, Ásia, Europa e América do Sul – em viagens cada vez mais dispendiosas com pagamentos (em dólares) de diárias, gratificações, gastos com presentes e verbas de representação. Na América do Sul, em particular, o AeroLula descerá repetidas vezes no aeroporto de Caracas ("Simon Bolívar"), para visitas de Inácio da Silva ao "líder" venezuelano Hugo Chávez, tramadas em solo pátrio pelo Itamaraty Vermelho, com o objetivo de abreviar a chegada do "socialismo do século XXI" no subcontinente - uma velha aspiração totalitária do Foro de São Paulo, orientado pelo caquético Fidel Castro e o próprio Inácio da Silva.
(Coisa curiosa: quem aparece desembarcando no aeroporto de Carrasco – em Montevidéu, Uruguai – para orientar mais um encontro do Foro de São Paulo destinado ao fomento de "políticas revolucionárias" na América Latina não é o atual ocupante do Palácio do Planalto. Quem preenche o espaço luminoso é chanceler Sargento Garcia, homem celebrizado pelo pornográfico "top-top" e, no momento, agente de inteira confiança dos companheiros Fidel e Chávez).
CARGA TRIBUTÁRIA. Como a execução das tarefas revolucionárias apontadas pelo FSP exige muito dinheiro dos cofres da Viúva, antecipo aos leitores que a equipe econômica do governo, para manter em quantidade e qualidade o processo transformador em andamento, aumentará ainda mais a carga tributária em vigência. Seu objetivo será atingir 50% do Produto Interno Bruto (BIP), meta desgastante, capaz de levantar protestos da Fiesp e da população trabalhadora, mas absolutamente necessária em face da irreversível ampliação do Estado socialista. Tidos como principais aliados do projeto do governo, os banqueiros e as ONGs, cada vez mais empanzinados com a grana pública, regurgitarão de alegria e de lucros – embora a coisa arrole o escândalo.
ELEÇÕES MUNICIPAIS. Falar em escândalo... Vejo aqui na minha Bola de Cristal que as eleições municipais, previstas para outubro, farão recrudescer como nunca o espetáculo da corrupção. De muito pouco servirão as medidas tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o clamor da oposição, no sentido de coibir a distribuição de bens e benefícios oficiais ou a ampliação de programas sociais tipo Bolsa Família ou Cheque Cidadão. A ambição política totalitária de ampliar os alicerces do terceiro mandado e a manutenção do poder a todo custo, despertarão nos políticos uma capacidade de inventar métodos para a compra de votos capaz de fazer inveja ao consagrado Thomas Alva Edison e o fabuloso Houdini, juntos.
POLÍTICA SOCIAL. No campo das promessas de um porvir venturoso, nossa especialidade, o país atingirá o nirvana: tal como previsto, já com a "casa arrumada", teremos afinal uma educação perfeita, a saúde funcionando a todo vapor e a segurança pública mais que estruturada... tudo, no entanto, conforme nos mostra a Bola de Cristal, só no papel e nos discursos proclamados em Brasília, visto que chegaremos em 2008 à casa dos 35 milhões de iletrados, analfabetos e analfabetos funcionais; cerca de 40 milhões de pessoas sem assistência hospitalar e, o mais trágico, alguma coisa em torno de 70 mil mortos por motivos de violência explicita - o duplo do ocorrido no Iraque, em 2007.
(Detalhe: a Bola de Cristal abençoada pela centenária Baba Vanga não esclarece, por mais que implorasse, se vai aumentar ou não o número de vítimas em desastres aéreos, trânsito, mortes por suicídio, etc., nem falou da sobrevivência dos loucos, mendigos, alcoólatras, drogados e miseráveis em geral, no presente ultrapassando a casa dos 60 milhões de infelizes).
CULTURA E MANIPUILAÇÃO IDEOLÓGICA – O governo continuará ampliando os gastos públicos com o pessoal do show business, mormente na área do cinema de denúncia social, teatro engajado, música empenhada e a literatura participante. Nas universidades públicas, diz a Bola, a política de inclusão cotista, considerada por muitos como neo-racista, ganhará alento. Em resumo, as políticas nas áreas da educação e cultura continuarão no firme propósito de consolidar um senso comum revolucionário, capaz de acirrar a luta de classe e detonar a derrocada final do "velho mundo burguês" – vale dizer, a digna civilização ocidental e cristã.
E dinheiro não é problema: as estatais estão de cofres empanturrados.

6 de jan. de 2008

ARTIGO DE PAULO G. M. DE MOURA (Casagrande)

OS BRASILEIROS E A POLÍTICA
(por Paulo G. M. de Moura, cientista político)
A participação política dos empresários tem características distintas daquelas que marcam a atuação de outros segmentos da sociedade, tais como os sindicatos de trabalhadores e movimentos sociais. Esses últimos fazem pressão sobre parlamentos e o governos através de mobilizações de rua, ocupação de espaços no noticiário para conquistar o apoio da opinião pública e, mais recente, campanhas de propaganda negativa na mídia, em geral pagas pelos sindicatos.Os empresários são pragmáticos e concentram suas atividades diárias na gestão dos próprios negócios. Administrar empresas, especialmente na era da competição global e num país avesso ao empreendedorismo, exige jornadas de trabalho que, não raras vezes demandam o dobro do tempo definido em lei para os trabalhadores. No Brasil a jornada legal é de 44 horas. O risco da ineficácia na gestão é o prejuízo, a recompensa é o lucro. Não existe garantia de estabilidade quando se está submetido à lei do mercado livre. A competição torna-se desigual e mais árdua quando o governo se mete onde não devia, e seleciona ao seu critério, que merece ser beneficiado com o dinheiro surrupiado de todos para beneficiar os amigos do rei.Mesmo assim, no Brasil, a imagem pública do empresariado não é boa. A opulência econômica, aqui, é mal vista, mesmo se conquistada com o suor do trabalho e a exposição ao risco a que se submete o empreendedor. A inveja, a maledicência e a vontade incontida de se apropriar da riqueza alheia são praticados e defendidos como sentimentos altruístas. O lucro é visto com luxúria, pecado, motivo de vergonha. A riqueza conquistada como recompensa legítima pelo exercício de liderança e pela competência é vista como injusta. Justiça, para quem pensa assim, é tirar de quem tem para dar para quem não tem, mesmo que, quem não tem nada faça para merecer ter.Num ambiente assim, os sindicatos e ONGs podem reivindicar o absurdo, mas sempre são vistos como defensores dos fracos e oprimidos. A elite do funcionalismo público, que adquiriu vantagens por meios políticos e desfruta salários e aposentadorias desproporcionais aos da maioria da base da pirâmide funcional do Estado - onde se situa a maioria que trabalha em atividades essenciais sem receber o que merece - freia a reforma da máquina pública para proteger seus interesses imorais. No entanto, essa casta de privilegiados é vista e tratada como porta-voz de todos os servidores públicos a quem os neoliberais querem sacrificar.No Brasil o Estado é visto como pai bondoso cujo bolso sem fundo tem dinheiro nascido do nada para distribuir súditos que melhor souberem se mostrar amigos do rei. A política é vista pelo povo como a arte de arrancar benesses do rei e de seus prepostos políticos. Já os políticos vêem a política como arte de ludibriar o povo, distribuindo-lhes as migalhas do dinheiro público em troca da garantia de ocupação de um posto a partir do qual se apropriam privadamente da riqueza produzida com o suor do trabalho de indivíduos isolados ou organizados em empresas. Partidos políticos, sindicatos e ONGs são agrupamentos de indivíduos espertos que se organizam para assaltar o Estado.A Política como participação dos cidadãos nas decisões sobre o destino da coletividade é enaltecida pela retórica, mas vista como coisa de trouxas pelo próprio povo, que condena a desonestidade dos políticos. Mas, para obtenção de benefícios pessoais, o povo, hipócrita, pratica no dia-a-dia, os mesmo desvios morais e legais que condena naqueles que elege. Agir assim não é visto como cobiça, luxúria ou pecado. A Política vista como defesa e negociação dos interesses legítimos, praticada de forma transparente e na arena pública, é a mal vista. Os interesses políticos dos empresários são tratados como fruto da ganância desmesurada de quem já tem muito. Em todo o velho mundo há fortunas familiares acumuladas como resultado do saque e da pilhagem praticados em nome de Deus, na transição do feudalismo para o capitalismo. Enriquecer assim não torna ninguém merecedor de admiração, ainda que essa acumulação primitiva tenha sido conquistada sob risco de morte nos campos de batalha pela apropriação da riqueza alheia. No Brasil patrimonialista o Estado e a natureza são pilhados por gente que tem aversão ao risco e busca a política como forma de assaltar os cofres públicos para ascender socialmente de forma fácil. E pesquisas de opinião comprovam que o povo é leniente com esse tipo de conduta.Nos Estados Unidos da América o povo admira os "self made men", indivíduos que saíram da pobreza para a riqueza construída pelo trabalho e o espírito empreendedor. Lá o povo costuma eleger ricos para presidirem a nação. Por precaução, cercaram o poder de Estado de salvaguardas constitucionais que visam proteger a liberdade individual dos excessos dos detentores de poder político. E criaram uma legislação antitruste para proteger o direito de competir dos empreendedores, dos excessos dos detentores de poder econômico. Lá, os chamados "pais da pátria" lideraram a luta pela independência e criaram uma Constituição pensando no futuro de uma nação. Livres do absolutismo britânico, os norte-americanos transformaram uma ex-colônia numa união independente de estados voluntariamente federados - territorialmente gigantesca e multirracial na sua composição étnica - na maior potência econômica, política e militar do planeta.Uma nação é fruto do espírito da alma coletiva de seu povo. Mas não há povos nem coletivos se líderes. Grandes nações se fazem com grandes líderes. A história pessoal do ex-presidente Abraham Lincoln é emblemática. De origem humilde, Lincoln viveu de trabalho braçal até conseguir estudar Direito. Antes disso, sabia apena ler, escrever e fazer as quatro operações. Sem acesso a livros, Lincoln estudou a Bíblia, o único livro existente em sua casa. Com 22 anos, Lincoln deixou a casa dos pais para morar na aldeia de New Salem, Illinois, onde conseguiu emprego como balconista no comércio local, e em seguida, como agente postal. Depois de alguns anos elegeu-se deputado estadual e senador pelo estado de Illinois.Ao longo de seu segundo mandato como deputado Lincoln completou seus estudos de Direito, recorrendo ao empréstimo de livros até obter licença para advogar. Durante seis meses por ano Lincoln advogou nos tribunais itinerantes que percorriam municípios de Illinois. Tornando-se conhecido assim, em 1846 Lincoln foi eleito para a Câmara Federal. Sem apoio popular, por fazer oposição ao presidente Polk, a quem culpava pela guerra com o México, Lincoln voltou a advogar sem tentar a reeleição. Voltou à política somente no final da década de 1850, quando, em campanha contra a escravidão disputou e perdeu a eleição para o Senado para o escravocrata Stephen Douglas. Perdeu a eleição, mas ficou conhecido em todo o país, condição a partir da qual concorreu à Presidência em 1860 em meio à construção do Partido Republicano, fundado em 1854.Em 1861 Lincoln toma posse enfrentando o separatismo dos sulistas que ameaçaram retirar seus estados da Federação em caso de vitória de um abolicionista. Onze estados fizeram-no, de fato, formando a Confederação dos Estados da América, mesmo ante esforço consiliador do presidente eleito, que não conseguiu evitar a Guerra Civil. Mesmo tendo perdido as primeiras batalhas e boa parte do seus capital político, Lincoln manteve suas convicções sem recuar, pois entendia que os Estados Unidos da América constiuíam um exemplo emblemático da capacidade de auto-governo de um povo. Quatro anos depois, a um custo de 600 mil mortos, o norte venceu. Em 1862 proclamou a liberdade dos escravos dos estados sulistas, conferindo sentido libertário à guerra civil e encaminhando a abolição deifitiva da escravatura nos EUA em 1865, ano de início de seu segundo mandato. Em 14 de abril de 1865, duas semanas após o fim da guerra separatista, Lincoln foi assassinado. Após sua trágica morte angariou o respeito e admiração do povo norte-americano, firmando reputação de uma liderança construída na luta por causas políticas que fazem parte do "patrimônio genético" na nação que presidiu. Seu ideário, registrado em discursos e textos publicados, integra a biblioteca do pensamento democrático.O Brasil foi colônia de uma das principais potências mundiais do século XVI, ao lado da Inglaterra, que colonizou os EUA na mesma época. Tornamo-nos "independentes" por herança de pai para filho, libertamos os escravos por "bondade de uma princesa", tornamo-nos República através de um golpe de estado, dizemo-nos Federação, mas nossas supostas unidades federadas são subjugadas pelo governo central como se no tempo do Império ainda vivêssemos. Boa parte dos políticos que escolhemos para nos governar se alojam na máquina do Estado para enriquecer rápido e sem trabalhar. Antes isso era monopólio das oligarquias rurais. Hoje é privilégio das oligarquias políticas que controlam partidos, sindicatos, ONGs e fatias do próprio Estado.O cidadão brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, ex-sindicalista, é, sem sombra de dúvida, um dos líderes que ocupará a galeria dos grandes presidentes brasileiros. Ex-retirante nordestino, nosso presidente, eleito e reeleito pelo voto da maioria dos brasileiros, saiu da extrema miséria para um lugar privilegiado no estreitíssimo cume da pirâmide social brasileira, visto como um homem do povo, pai dos pobres, "gente como a gente". Um exemplo.

19 de dez. de 2007

ARTIGO DE RALPH J. HOFMANN

GOVERNO INSENSATO
(por Ralph J. Hofmann)
Até o presente momento, o governo Lula se distingue pela insensatez. Derrotado pelo Senado, que certamente foi influenciado pelo fato de que a opinião popular já está cansada de ver recursos ser malbaratados pelo executivo, e sabedor de que em algum momento do futuro uma punga nos bolsos do povo será usada como argumento em futuras eleições, perdeu o medo de legislar segundo uma posição justa.
Afinal, a CPMF era apenas para a Saúde, era apenas para durar um tempo fixo. Como estava previsto por todos os sensatos, acabou virando de Contribuição Provisória para Contribuição Permanente. Se reeditada há poucas perspectivas de acabar com ela. Mas naturalmente agora o governo procura repor estes recursos com outras taxações.
Francamente, o governo, nessa altura, se desejasse agir corretamente, deveria estar procurando maneiras de reduzir a torrente de dinheiro que jorra pelo ladrão das despesas dirigidas ao conforto e bem estar próprios, ao exército e sicofantas que se agarra à virilha dos poderosos.
E tem seus hobbies. Uma transposição do Rio São Francisco, com muitos arrazoados que indicam ser tão questionável a criação deste caríssimo monstrengo, que é o pegar um rio que já está sofrendo e aumentar suas responsabilidades. Quem dirá quanto dinheiro de empreiteiros virá ter às mãos dos ungidos?
Um governo sensato, honesto e equilibrado já teria visto que, tendo perdido essa boquinha de R$ 40 bilhões, que em existindo teria de ser aplicada cem porcento em saúde, caso em que sua prorrogação passaria em brancas nuvens, agora estaria na prancheta buscando, não dinheiro para seguir com seus gastos pródigos, mas sim estaria contando até as bananas da despensa do palácio, os cafezinhos das repartições.
Mas não. Nosso Robin Hood às avessas procura novos patos para depenar. Não lhe passa pela cabeça poupar, racionalizar, limitar as viagens do eterno turista classe A e suas dispendiosas comitivas.
Este é o problema de ter um aristocrata em palácio. Um aristocrata feito, não nascido. Mas com a mentalidade de aristocrata. Comer em prato de louça? Nunca! Agora só como em baixela de ouro!

ARTIGO DE CÉSAR BENJAMIN

DEIXEM FREI LUIZ VIVER.
(Por César Benjamin, editor da Contraponto)
Procuro um livro na estante de casa. Na folha de rosto, a dedicatória: "Para o César, que também caminha nas mesmas margens do mesmo rio. Gentio do Ouro, outubro de 2001." De dentro do livro cai um cartão que já estava esquecido: "César, grato por sua inesperada suavidade, por sua lúcida e firme presença. Grato por você existir. Te abraço. Adriano." Não consigo conter a emoção.
Entre de 1992 e 1993, durante um ano, Adriano e mais três pessoas realizaram uma caminhada de 2.700 quilômetros, das nascentes à foz do rio São Francisco. O livro que ganhei de presente quando os visitei no sertão - Da foz à nascente, o recado do rio, de Nancy Mangabeira Unger - narra poeticamente a empreitada desse grupo de heróis, cujas vidas se confundem com a luta pela vida do rio e das populações sertanejas que dele dependem.
O líder dos peregrinos era um frei franciscano, o mais franciscano de todos os franciscanos que conheci, Luís Cappio. Não lembro em que localidade o encontrei - acho que foi em Pintada -, mas nunca o esqueci. É um homem raro. Vive visceralmente o cristianismo, a sua missão. Hoje, é bispo da Diocese da Barra. Continuou o mesmo simples peregrino, um irmão da humanidade, um pobre vivendo entre os pobres. Está em greve de fome há mais de vinte dias e pode morrer.
Aboletado em Brasília, o presidente Lula acusa frei Luís e seus companheiros, contrários à transposição das águas do rio São Francisco, de não se importarem com a sede dos nordestinos. Para quem conhece os dois personagens, é patético. Um abismo moral os separa. Desse abismo nascem as suas diferentes propostas.
O Semi-Árido brasileiro é imenso: 912 mil km2. É populoso: 22 milhões de pessoas no meio rural. É o mais chuvoso do planeta: 750 mm/ano, em média, o que corresponde a 760 bilhões de metros cúbicos de chuvas por ano. Não é verdade, pois, que falte água ali. A natureza a fornece, mas ela é desperdiçada: as águas evaporam rapidamente, sob o Sol forte, ou vão logo embora, escorrendo ligeiras sobre o solo cristalino impermeável.
Há décadas o Estado investe em obras grandes e caras, que concentram água e, com ela, concentram poder. O presidente Lula quer fazer mais do mesmo. No mundo das promessas e do espetáculo, onde vive, a transposição matará a sede do sertanejo. No mundo real, apenas 4% da água transposta serão destinados ao consumo humano, em uma área equivalente a 6% da região semi-árida. "É a última grande obra da indústria da seca e a primeira grande obra do hidronegócio. Uma falsa solução para um falso problema", diz Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra.
Graças a gente como Cappio, Adriano e Malvezzi, o Semi-Árido nordestino experimenta uma lenta revolução cultural. Centenas de organizações sociais, apoiadas pela Igreja Católica e por outras igrejas, adotaram o conceito de convivência com a natureza e desenvolveram in loco cerca de quarenta técnicas inteligentes, baratas e eficientes para armazenar a água da chuva. Ela é suficiente - corresponde a quase 800 vezes o volume d´água da transposição -, mas cai concentrada em um curto período do ano.
Eles lutam por duas metas principais: "um milhão de cisternas" e "uma terra e duas águas". Combinados, os dois projetos visam a proporcionar a cada família do Semi-Árido uma área de terra suficiente para viver com dignidade, uma fonte permanente de água para abastecimento humano e uma segunda fonte para a produção agropecuária, conforme a vocação de cada microrregião. As experiências já realizadas deram resultados magníficos.
Para oferecer isso à população sertaneja, é preciso realizar a reforma agrária e construir uma malha de aproximadamente 6,6 milhões de pequenas obras: duas cisternas no pé das casas, para consumo humano, uma usual e outra de segurança; mais 2,2 milhões de recipientes para reter água de uso agropecuário. No conjunto, é uma obra gigantesca, mas desconcentrada. A captação de água realizada assim, no pé da casa e na roça, já é também a distribuição dessa mesma água, o que desmonta uma das bases mais importantes do poder das oligarquias locais. Armazenada em locais fechados, ela não evapora. Este poderia ser um projeto mobilizador das energias da sociedade, emancipador das populações sertanejas, se tivesse um apoio decidido do governo federal.
A proposta tem respaldo técnico da Agência Nacional de Águas (ANA), que realizou um minucioso diagnóstico hídrico de 1.356 municípios nordestinos, um brilhante trabalho. O foco é a região semi-árida, mas o diagnóstico inclui grandes centros urbanos, como Salvador, Recife e Fortaleza, abrangendo um universo de 44 milhões de pessoas. As obras propostas pela ANA, as igrejas e as entidades da sociedade civil resolvem a questão da segurança hídrica das populações. Estão orçadas em R$ 3,6 bilhões, a metade do custo inicial da transposição do São Francisco.Isso não interessa ao agronegócio, um devorador de grandes volumes de água em monoculturas irrigadas, produtoras de frutas para exportação e de cana para fabricar etanol. É para ele e para alguns grupos industriais - grandes financiadores de campanhas eleitorais - que a transposição se destina, pois esses precisam de água concentrada. Ao sertanejo, cada vez mais, restará a opção de migrar ou se tornar bóia-fria.
Para deter a marcha da insensatez, frei Luís entrega a vida, o único bem que possui. Não lhe restou outra opção, pois o governo se esquivou do debate que prometeu. Preferiu apostar na política do fato consumado. Agora, a farsa só poderá prosseguir sobre o cadáver do bispo. O presidente Lula deixou claro que considera essa alternativa aceitável.
Porém, antes desse desenlace terrível, o presidente deve meditar sobre as palavras de Paulo Maldos, do Conselho Indigenista Missionário, seu tradicional aliado: "Ao redor do gesto radical do bispo está se formando uma corrente de solidariedade, de apoios, de alianças, de identificação ética, política, social, ideológica, cujos contornos são facilmente identificáveis: trata-se dos movimentos sociais, políticos, pelos direitos humanos, pastorais sociais, personalidades da Igreja Católica, da política, da cultura, que, desde os anos 80, constituíram Lula como liderança de massa em nosso país. (...) Se dom Cappio vier a falecer, será o final dessa história. Não será dom Cappio apenas que morrerá. Morrerá a referência política de Lula e do Partido dos Trabalhadores na história dos movimentos sociais do Brasil. (...) A história da liderança popular de Lula será a história de um fracasso. A morte física de dom Cappio sinalizará a morte política de Lula."
Suplico que o presidente abra o diálogo com rapidez, por generosidade ou por cálculo: frei Luís precisa viver.

18 de dez. de 2007

ARTIGO DE EDIR ROCHA

AMAZÔNIA QUEM É SEU DONO?
(Por Edir Rocha)
A partir da década de 70, muitos nordestinos migraram para a Amazônia a procura de novas oportunidades, muitos foram trabalhar nos seringais, muitos se organizaram em glebas e outros foram trabalhar em empreiteiras de desmatamento.
Nesta mesma década muitos grupos e empresas da região sudeste passaram a olhar para a Amazônia como uma mina de riquezas, muitos grupos adquiriram terras, outros grilaram terras e a partir daí o desmatamento passou a ser continuo.
A principal fonte de renda para a população daquele local era o seringal e a exploração de madeira, muitos seringueiros passaram a se organizar em grupos e passaram a se apossar de algumas áreas gerando conflitos com os grandes proprietários de terra, mas grande parte dos seringueiros abandonaram sua atividade e foram trabalhar para as empreiteiras na exploração de madeira, um dos trechos do livro de Lúcio Flávio Pinto (Amazônia : No Rastro do Saque), relata bem a história de um seringueiro que comenta "Eu vivi mais de vinte anos do leite desta árvore sustentando minha família, ao ver-las no chão, derrubadas por mim, sentei em cima e chorei".
Cerca de 8 milhões de hectares da Amazônia foram grilados na década de 70, outro fator que chama a atenção foi a criação de títulos de posse para grandes grupos industriais e pessoas da alta sociedade, alguns relatos comentam que até rios estão pertencendo a estes posseiros em documentação, coisa que é um absurdo.
A Amazônia brasileira compreende 3.581 Km2, o que equivale a 42,07% do país. A chamada Amazônia Legal é maior ainda, cobrindo 60% do território em um total de cinco milhões de Km2. Ela abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins.
Alguns ainda relatam que uma das principais causas do desmatamento da Amazônia é o avanço da pecuária e da soja mecanizada, a criação de assentamentos em áreas inadequadas, a atuação ilegal de madeireiros e a construção de estradas sem autorização.
As grandes industriais chamam a atenção, grande parte destas empresas, são proprietários de imensas áreas na Amazônia, e a grande parte delas desmata as áreas para exploração da madeira e implantação da pecuária, muitas delas ainda alegam que trabalham com responsabilidade ambiental, e isso é cômico, uma vez que estas contribuíram e contribuem para desmatamento de milhares de árvores.
Interessante mesmo é um grupo bancário que alega que: "este é o ano da responsabilidade ambiental", e já devastou grandes áreas no estado do Pará, enquanto muitos lutam com suas vidas pela Amazônia, para proteger - lá como patrimônio da humanidade, muitos a devastam todos os dias com suas maquinas de esteira a todo vapor , coletam suas espécies nativas para exploração farmacêutica, extraem seus frutos para a industria alimentícia sem pensar em cultivar a espécie, alem de outras barbaridades.
Além disso o País no ano de 2004 gastou aproximadamente 400 milhões de reais para o monitoramento da Amazônia, dinheiro este que poderia ser aplicado em benfeitorias para a sociedade se houvesse um pouco de conscientização dos agricultores e pecuaristas da região.
Estamos vivendo a cada dia as conseqüências de nossas atitudes, visivelmente através de efeitos climáticos constantes, que por onde passam destroem famílias e vidas. E afinal, se a Amazônia é da humanidade, é do dever de todos cuidarem da sua casa, pois esta precisa sobreviver a ganância do homem, para o seu próprio bem.

ARTIGO DE GLAUCO FONSECA = Blog Casagrande.

TV DE ALTA INDEFINIÇÃO
(por Glauco Fonseca)
Até hoje não ouvi uma única explicação minimamente convincente a respeito do que significa televisão pública. É claro que TV estatal nós sabemos para o que serve (e desde já deveria ser chamada de TV governamental). Televisão comercial é o modelo, entretanto, mais evoluído de todos e é, dentre todos, paradoxalmente, o mais público.Televisão pública é alguma coisa que o ministro Franklin Martins não conhece, que a Teresa Cruvinel não tem a menor idéia do que se trata e o presidente Lula pensa que sabe o que é, mas não sabe. É simplesmente um canal de TV que, a princípio, não veicula comerciais e que não é sustentado em seu todo pelos cofres públicos. É um canal de TV como a PBS americana, financiada por ações, programas governamentais e por doações da iniciativa privada, perfeitamente dedutíveis do imposto de renda. É considerada pública também porque ausculta de fato a sociedade organizada, buscando atendê-la em suas demandas culturais, de formação e informativas. Ou seja, antes de colocar algo no ar, a sociedade foi efetivamente ouvida.Lula, José Dirceu (ele mesmo), Franklin Martins et caterva querem uma TV para defender o governo e o PT contra o que eles chamam de "mídia golpista de direita". Querem uma televisão que "equilibre" os fatos primários com outros fatos. Se é fato que o Banco do Brasil foi saqueado em mais de R$ 70 milhões para financiar o mensalão, a TV pública deverá dizer que o mesmo banco, ao mesmo tempo, investiu múltiplos do mesmo valor em coisas boas, que a "mídia reacionária" não noticiou. É como dizer que as abelhas que mataram cavalos, cães e um pato também são responsáveis pelo doce mel nosso de cada dia e que, portanto, as abelhinhas não são assim tão perigosas.Outro aspecto importante a respeito da TV de alta indefinição do governo Lula é o funding. Empresas públicas como Petrobrás, Correios, Caixa e outras serão "convidadas" a comparecer como apoiadoras da emissora, como se isto fosse salvá-la do éter midiático ao qual está fadada. Não foi apresentado à sociedade brasileira um só projeto da estação, uma idéia, uma estratégia sequer. Apenas colocaram-na no ar, como se isto fosse fazer televisão. Boni diria que não. Mesmo assim, esperam audiência, consagração e sucesso. Sem chance. E aí está o grande imbróglio: audiência. Coisa que não se compra nem pode ser objeto de pacto com entidades de qualquer natureza religiosa, empresarial ou sindical. Demanda e talento são as duas essências de se fazer televisão. Depois entra o dinheiro. Se há uma demanda consistente, se temos os insumos básicos para atender e se dispomos dos recursos financeiros para bancar talentos, insumos e demandas, começamos melhor do que por conta de uma estratégia equivocada, que irá se tornar ainda mais errada quanto mais dinheiro puder nela enterrar.Por fim, a TV Lula ainda poderá ter sucesso. Se os números não forem favoráveis, se não for possível montar uma boa programação, Lula e seus amigos podem editar mais uma medida provisória convocando as empresas de pesquisa que deram vitória a Chávez para que meçam o desempenho da estação. E olhe lá.
Publicado em 18/12/2007

ARTIGO DE PAULO MOURA = Blog Casagrande

A ESTUPIDEZ DA OPOSIÇÃO E AS MENTIRAS DO GOVERNO SOBRE A CPMF
(por Paulo Moura, cientista político)
Se estupidez matasse os tucanos seriam uma espécie em extinção e os DEMOS deveriam queimar no fogo do inferno. Quem vê de fora o que se passa com essa pseudo-oposição ao governo Lula terá dificuldade de entender a lógica das suas ações. O caso dos tucanos beira o ridículo. Se continuarem assim, melhor seria extinguirem o partido e rumarem para dentro do PT e do PMDB.
Em plena comemoração da sua mais importante vitória sobre o governo, recém sepultada a CPMF, o senador Arthur Virgílio (PSDB/AM), um dos principais artífices do resultado da votação ao lado do senador Agripino Maia (DEM/RN), veio a público sugerir que a CPMF seja recriada com outro formato. Para a perplexidade geral, o líder tucano foi acompanhado em suas declarações, pelo senador Heráclito Fortes (DEM/PI), um partido que se declara programaticamente contra a derrama fiscal.
Agir politicamente assim equivale-se a jogar uma bigorna para cima e em seguida pular para cabeceá-la contra o próprio gol. Mas eles não estão sós. Expressivos segmentos da mídia também parecem acreditar nas mentiras do governo, que culpa os adversários da CPMF pelos cortes em gastos sociais e aumentos de tributos que Lula ordenou para compensar a falta dos R$ 40 bilhões por ano com que o presidente contava para financiar seu projeto de poder.
Não faltam cabeças de planilha para avaliar a situação com contas matemáticas. A entrevista do ex-ministro Mailson da Nóbrega ao jornalista Carlos Alberto Sardemberg na CBN no Day After do enterro da CPMF só pode ter sido motivada por alguma perda da sua consultoria em apostas erradas no resultado da votação, ou pela eventual intenção do gestor da inflação de Sarney de voltar ao governo. O governo deveria contratá-lo para defender seus argumentos "técnicos". Um governista assumido não faria melhor defesa do absurdo.
Quais são as mentiras propaladas pelo governo e pelos defensores da CPMF?
1 – Sem a CPMF a Saúde perderá dinheiro. Mentira! Nem esse nem o governo anterior destinavam o dinheiro da CPMF para Saúde. Como esse dinheiro não tem carimbo e ninguém sabe onde os políticos gastam o dinheiro público, quando inventaram a CPMF, simplesmente substituíram os recursos da Saúde pela receita obtida com o novo imposto, drenando a diferença de arrecadação para destino incerto e não sabido, como se diz no jargão policial, sobre fugitivos da Lei.
2 – Sem a CPMF o Brasil perde. Mentira! O dinheiro da CPMF, ao invés de ir para o bolso dos políticos, ficará com os brasileiros, que o gastarão melhor que o governo; aquecendo o consumo, gerando demanda; mais empregos e mais arrecadação de impostos com o aumento das vendas. Quem perde, de fato, é Lula, seu sucessor e os políticos em geral.
3 – Sem a CPMF os estados e municípios perderão dinheiro. Mentira! Como contribuição federal, o governo não tem obrigação de repassar um centavo sequer para outras unidades federadas. Ao contrário do que diz Lula, os estados que mais produzem riqueza ganharão sem a CPMF. Num cálculo superficial do secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, os gaúchos pagam cerca de 10% dos R$ 40 bilhões anuais arrecadados com esse imposto e não recebem de volta sequer R$ 300 milhões do montante surrupiado pela União. Ou seja, sem a CPMF o dinheiro dos gaúchos ficará no bolso dos gaúchos. Ao se converter em consumo, esse dinheiro aquecerá a economia regional, gerando demanda, empregos e ICMS para o governo estadual falido.
4 – Sem a CPMF o governo terá que cortar investimentos sociais. Mentira! O critério de corte no orçamento é político e quem decide é Lula. Lula é esperto o suficiente para saber que o preço político do corte em gastos sociais sairá dos seus índices de popularidade. Basta reduzir a roubalheira, o desperdício e os gastos com mordomias e contratações de militantes partidários para cargos em comissão que nenhum centavo em investimentos sociais precisará ser subtraído.
5 – Sem a CPMF o governo terá que reduzir o superávit primário, ameaçando a estabilidade monetária e provocando instabilidade no sistema financeiro e elevação dos juros. Mentira! O que provoca tensão nos mercados é a falta de garantias de pagamento da dívida e declarações como as do ministro Guido Mantega, afirmando que o governo reduzirá o superávit primário para compensar a perda da receita da CPMF. A arrecadação tributária bate sucessivos recordes mês a mês desde a eleição de FHC. Mesmo quando a economia está desaquecida e o país empobrece a receita do governo com impostos segue crescendo. Se o governo cortar despesas conforme sugerido no item anterior, a balança fiscal sequer pisca.
6 – Sem a CPMF a Receita Feral perde uma ferramenta de caça aos sonegadores. Mentira! A Receita Federal só precisaria requisitar aos bancos relatórios periódicos das contas com movimentação suspeita. Transações bancárias e gastos com cartões de crédito acima de um teto definido já são relatados obrigatoriamente pelos bancos à Receita.
7 – Sem a CPMF quem ganha são os sonegadores. Mentira! Quem perde mesmo são os ladrões do erário e os gestores políticos que gastam mal, locupletam-se e financiam suas atividades partidárias com dinheiro público e não controlam o destino dinheiro arrecadado com o suor do trabalho dos brasileiros. Sonegadores desaparecem com uma carga tributária justa, que pode ser metade dos 40% do PIB surrupiados hoje do contribuinte, e com vigilância eficiente da Receita.
8 – Sem a CPMF o governo não pode fazer a Reforma Tributária. Mentira! Com a CPMF e os cofres abarrotados de dinheiro público é que político nenhum quer mudar o sistema de impostos, pois a maioria deles, senão todos, vivem como parasitas da riqueza alheia, intermediando favores para suas clientelas. Ao invés de representarem os interesses legítimos de um povo que não conhece seus direitos, sugam os cofres do Estado para financiar a corporação de vampiros da riqueza alheia.
A lista poderia prosseguir ocupando páginas e mais páginas. Não é necessário. Basta essa oposição estúpida, e os setores da mídia que repercutem o discurso do governo parecendo ter a consciência culpada por um pecado que não cometeram pararem com essa conversa burra de reinventar a CPMF, contra a vontade da maioria dos eleitores, leitores, ouvintes e telespectadores. A impopularidade da defesa da CPMF e o preço dessa derrota pertencem a Lula. Hoje, Lula está de mal humorado, irascível, brabo. Ele não gosta e não está acostumado a ser contrariado. Se a CPMF for recriada por iniciativa da oposição, Lula será hospitalizado com câimbra no diafragma de tanto rir da burrice de seus supostos adversários.
Publicado em 17/12/2007